segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Os coronéis e mandadores - 01

Joaquim Manoel de Andrade 
Cópia: foto de domínio público atribuída
a Joaquim Manoel de Andrade

Quando da qualificação administrativa para Santa Cruz, como freguesia em 1872, Joaquim Manoel de Andrade destacou-se líder, e seu nome, desde então, a ilustrar os principais cargos, por eleições ou nomeações. A história identifica-o respeitável cidadão, religioso prestante, fazendeiro, criador de porcos, dono de serraria, capitalista e escravagista.
Andrade nasceu em Pouso Alegre -MG, em 12 de novembro de 1825 e batizado aos 20/11/1825 (Eclesial), filho de João Bernardino da Silveira e dona Bernardina Jesuina de Santa Catarina (Projeto Compartilhar, pesquisa de Paola Dias, Cap. 4º – Ângela Pires de Moraes: 9.8).
São os seus irmãos e irmãs conhecidos: 
- Floriana Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG, LB 1825/1825: 95; e LM 1832/1856: 47;
- João Bernardino Silveira: Airuoca-MG LM 1787/1814: 246;
- Joaquina Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 38;
- José: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 156;
- Manoel Joaquim de Andrade: LM 1832/1856: 29;
- Maria ...: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 103;
- Marianna Esméria de Jesus: Pouso Alegre-MG LB 1815/1823: 94; e LM 1832/1856: 34;
- Messias José de Andrade: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 11.
(SatoPrado Blog: acréscimos 2020).
Joaquim Manoel de Andrade apresentou-se no sertão paulista, com dois irmãos identificados, Messias José de Andrade e Manoel Joaquim de Andrade, sendo Messias José pioneiro no Turvo/Alambari, enquanto Manoel, associado a Joaquim, adquiria uma fazenda de campos e matas, aos 19 de dezembro de 1851 (Pupo e Ciaccia, 2005: 136-E 30 e Mapa), na qual inserida a povoação de São Domingos.
O sócio e irmão Manoel seguiu rumo para Lençóis Paulista, enquanto Joaquim iniciou história santacruzense em 1870/1872, como rico fazendeiro, conhecido primo-irmão do homônimo desbravador no Turvo e Capivara, e do pioneiro-mor José Theodoro de Souza, sendo irmãs as mães dos três, respectivamente Bernardina Jesuína de Santa Catarina, Mariana Rosa da Assunção e Maria Teodora do Espírito Santo (Projeto Compartilhar, Família Bernarda Maria de Almeida). 
Andrade se tornou importante nome na história local, de 1872 a 1891, elegido o 1º Juiz de Paz de Santa Cruz, em 1875 – pleito anulado em 1876, depois eleito vereador em 1876 para a primeira legislatura (1877/1880), consagrando-se como o primeiro Presidente da Câmara, e reeleito para o cargo em outras oportunidades disputadas. Em 1884 integrou o Rol de Ilustres, pela Câmara Municipal, ofício de 12 de novembro de 1884, para compor a comissão responsável pelas obras da Igreja Matriz. Respondeu, ainda, por cargos púbicos em nomeação: Delegado de Polícia – 1877 (Diario de S. Paulo, 25/11/1877: 2), Coletor de Rendas – 1879, e, designado Presidente do Conselho da Intendência Municipal – 1890 até sua morte em 1891.
Certidão Eclesial de Casamento do Joaquim Manoel de
Andrade e Umbelina Ferreira do Nascimento 
Joaquim Manoel de Andrade casou-se com Umbelina Maria de Jesus ou Ferreira do Nascimento, em São João do Jaguary - atual São João da Boa Vista - SP, aos 09 de novembro de 1845 (Curia Diocesana de São João da Boa Vista, Matrimônio, apud Henrique Dias da Silva Junior - pesquisador/historiador - Assis-SP, CD: A/A 05/09/2017), sendo ela nascida em Pouso Alegre - MG, onde batizada aos 12 de maio de 1833, com a idade de 13 dias, (Batismos, Livro 1825/1837: 285, https://www.familysearch.org/), filha de Manoel Antonio Rodrigues e Maria Ferreira, sendo testemunhas do casamento Domiciano José de Andrade e Manoel Antonio Rodrigues. O casal teve os seguintes filhos conhecidos: 
-Maria (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 134, aos 04/04/1847 - Records Preservation);
-Bernardino (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 159, aos 02/04/1849 - Records Preservation);
-José (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 181, aos 24/04/1851 - Records Preservation);
-Manoel (Batismo: Botucatu, LB 1849/1856: 54, aos 30/07/1853, idade de seis meses - Family Search); 
-Theodora (Batismo: Botucatu, LB 1856/1859: 81, aos 04/09/1858, idade de seis meses - Family Search);
-Joaquim (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 68, 05/02/1860, idade de 20 dias - Family Search); 
-Antonio (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 85, aos 01/09/1861, idade de oito dias) - Family Search;
-João (Alistamento Eleitoral: SCR.Pardo, ano 1890, nascido por volta 1862); 
-Silvestre (Matrimônio: SCR.Pardo aos 31/10/1891, nascido por volta de 1868); 
-Pedro (Alistamento Eleitoral: SCR. Pardo, ano de 1891, nascimento 1869); 
-Benedito (Batismo: SCR. Pardo, LB 1872/1879: 11, aos 26/01/1873, idade de cinco meses - Family Search). 
-Thereza (Batismo: SCR Pardo, nascimento em 1875).
(SatoPrado Blog, atualizações 2020). 
Andrade faleceu aos 26 de dezembro de 1891, com a idade de 66 anos, em plena atividade política, como Presidente da Intendência do Município, e seus despojos acham-se sepultados na Igreja Matriz de São Sebastião juntamente com os de sua mulher, Umbelina Maria de Jesus, morta em 09 de agosto de 1896. 
Não se tem notícia oficial que o chefe do clã dos Andrades, em Santa Cruz, pertencera à Guarda Nacional; no entanto, uma referência do Padre Andrea Barra em São Domingos, aos 21/02/1858, identifica-o Major e escravagista, na celebração de Missa de 7º Dia pela 'alma do escravo Pae Manoel Thiburcio' (Eclesial, Livro de Batismos, Matrimônios e Óbitos, SCR. Pardo, 1856/1884). 
Noutra alusão foi mencionado como "Capitão" (Correio Paulistano, 17/07/1941: 12), todavia as ausências de referimentos oficiais inviabilizam qualquer assertiva, quando se sabe de três homônimos no sertão paulista da época.
Joaquim Manoel de Andrade teve grande importância na história local e a ele quase tudo se deve na formação do lugar e até transformou-se, nas lendas e tradições, como cofundador de Santa Cruz, o que histórica e documentalmente não procede. 

Emygdio José da Piedade
Para o Almanaque da Província de São Paulo, edição de 1888, Santa Cruz do Rio Pardo:
"Creado o municipio em 1876, tem desde então para cá prosperado admiravelmente sob a immediata proteção e direção do notavel paulista Exmo. Sr. Coronel Emygdio José da Piedade, illustrado representante deste 5º districto na Assembléa Provincial" (1888: 623). 
Emygdio José Piedade nasceu em Sorocaba - SP, aos 25 de maio de 1832 com registro de batismo de 03 de junho do mesmo ano, filho do Major Antonio José da Piedade e de dona Rita Maria da Conceição, casado aos 21 de abril de 1853 com Francisca Emilia Leonel Ferreira ou Ferreira Leonel "dos Leonéis de Itapetininga, era tia do General Ataliba Leonel" (Aloisio de Almeida, 1960: 56), nascida por volta de 1833, em Itapetininga, filha legítimas do Tenente Coronel José Leonel Ferreira e dona Maria Perpétua de Siqueira.
Piedade estudou Teologia Dogmática e Moral, em São Paulo, lecionou Latim (Aloisio de Almeida, 247: 52-56), e foi Serventuário da Justiça em Faxina - Itapeva, renunciando a vitaliciedade em favor do filho Augusto (RG, U 1131, 1882/1883: 16-17).
Filiado ao Partido Conservador se elegeu por sucessivas e alternadas vezes deputado provincial paulista, iniciado na '18ª. Legislatura 1870/1871, 3º Distrito Imperial'. Após a República filiou-se ao Partido Republicano Paulista.
No primeiro mandato parlamentar assumiu a Comissão de Câmaras Municipais, na condição de membro, com importantes realizações para São Sebastião do Tijuco Preto - Piraju, Lavrinhas, Ribeira e São João Batista do Rio Verde - atual Itaporanga, Faxina - hoje Itapeva, além de comprometido com aberturas de escolas, de estradas para diversas povoações em formação, inclusa Santa Cruz, aonde viria fixar residência.
Com destacada participação legislatória, disputou e foi eleito para o mandato 1874/1875, via 3º Distrito Imperial.
Emygdio foi um grande paulista. O estudioso jesuíta Aluísio de Almeida forneceu sua exata dimensão provincial, como o primeiro deputado do centro sudoeste/oeste paulista, com atuações parlamentares para toda a região.
De 1876 a 1880 ocorreu hiato na carreira política do deputado, dedicando-se às atividades particulares e aos cuidados com Santa Cruz, onde passara a residir, trabalhando nos bastidores da Assembleia para melhorias administrativas e conquistas de serviços públicos, além da elevação do lugar à condição de vila e município.
Em 1876 conseguiu a instalação da Agência do Correio local, e nomeado o seu primeiro Agente (Correio Paulistano, 27/09/1877: 1). Identificado num antigo mapa santa-cruzense, de 1900, indica a agência na atual Rua Duque de Caxias (CD: A/A, Documentos Municipais Diversos para Santa Cruz do Rio Pardo).
Previstas as eleições municipais para o ano de 1876, Emygdio organizou o Partido Conservador para o embate eleitoral e obteve maioria na Câmara, além da conquista para o Juizado de Paz.
Os afazeres públicos de Emygdio em Santa Cruz podem ser acompanhados em diversas publicações oficiais do Governo Provincial e Assembleia Legislativa, além dos jornais paulistanos.
Retornou à Assembleia Provincial, legislatura 1882/1883, pelo 5º Distrito que abrangia a região.
Desta disputa escreveria Queiroz Filho: "Em 4-11-1881 (cfr Livro de Atas da Câmara Municipal) disputavam a eleição municipal um Tenente-Coronel (Emigdio José da Piedade), um Capitão (Tito Corrêa de Melo) e um Coronel (Joaquim Leonel Ferreira), tendo vencido o primeiro" (1966: 204 – notas 17).
No início do mandato, 1882/1883, o deputado Emygdio fez veemente pronunciamento indigenista:
"Deputado Emygdio José da Piedade, da tribuna da Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo, em se fazer aldeamentos na Comarca de Lençóes (Lençóis Paulista):
-Assemblea Provincial - 23ª sessão ordinaria, 23 de Fevereiro de 1882
-Entra em 1ª discussão o projecto de nº 146 de 1880, creando dois aldeamentos de cateche [se] de indios, na comarca de Lençoes.
-O sr. Piedade: – (ilegível) mais selvagens como os coroados e outras tribos ferozes.
-(ilegivel).
-Esta limitação, traz falta dos recursos naturaes que ellas tinham á sua disposição, e que hoje escapam rapidamente, é o que succede! Os indios (ilegível) ás criações dos moradores que temerariamente se tem collocado á aqueles terrenos, e o que tem conquistado áquelles selvatticos habitantes. D'ahi tem resultado grandes prejuizos aos moradores, que muitas vezes são victimas, e represalias d'estes contra aquelles, ceifando viddas que poderiam ser aproveitadas.
-O projecto autorisa ao governo a providencia sobre aldeamento e catecheses.
-Não será difficil este serviço, desde que o governo estabeleça em ponto determinado, para o aldeamento e meio que attraiam os indios. Elles serão chamados ao estado de sociedade, poderá prestar bons serviços e servirão de guarda á população contra a incursão dos habitantes bravios d'aquelle desconhecido sertão, que fazem estragos com a menor resistencia.
-Resido em Santa Cruz do Rio Pardo à cerca de 6 anos. Durante o periodo, á excepção do anno passado, foram victimas muitas pessoas. Em 1880, de uma só ves assaltaram a lavoura de um daquelles noradores e mataram uma familia composta de 15 pessoas. Pouco depois assaltaram outro roçado e mataram 9 pessoas, e assim em diferentes tempos e lugares, fizeram sempre grande numero de victimas.
-O aldeamento destes indios, nas condições expostas é um proveito duplo! Chama-os ao gremio social modificando os seus costumes pelo trabalho, e tornando-os garantia contra a aggressão dos selvagens a que me referi. Entendo, sr, presidente, que a assemblea deve autorisar o governo a attender a este serviço, embora pese alguma cousa no orçamento. Se temos outras despezas e serviços a que attenderemos com liberalidade, não devemos (?) lamentar (?) o emprego de qualquer quantia em uma obra de civilização qual de catechizar em grande numero de infelizes que vivem errantes sem vantagens para alli com prejuizos da sociedade." (Correio Paulistano, 20/03/1882: 1).
A proposta ou defesa do parlamentar Emygdio consistia no uso da mão de obra indígena, para 'prestar bons serviços', e ser a garantia contra agressões de outros índios, ou seja, a valia do índio amansado contra o índio bravio.
Talvez a proposta de Emygdio nem seja tão distorcida, considerando a realidade da época, sabendo que em 1902 o semanário santa-cruzense, Correio do Sertão, num editorial mais absurdo, recomendava para a catequização indígena caingangue: "Já que não podemos cathechisal-os com amor, com paz, com abraços, cathechisemol-os á bala." (Correio do Sertão, 28/06/1902: 1).
A prestação de bons serviços significava 'mão de obra indígena compulsória, gratuita, visando a cristianização do índio e sua inclusão social'. 
Com forte rejeição em São Pedro do Turvo, pouco espaço em Campos Novos Paulista, também em Santa Cruz, Emygdio sofreria dura resistência dos liberais comandados pelo Capitão Tito, deputado e chefe político em Botucatu, representado em Santa Cruz por Jacob Antonio Molitor, dissidente conservador, que aspirava o mando político local.
O Deputado Emygdio não pacificou os conservadores rebeldes santacruzenses, com votação aquém do esperado em 1883, valendo-lhe, todavia, o apoio do itapetiningano Manoel Cardoso (Correio Paulistano, 03/10/1883: 3), igualmente válido para a sua reeleição, 25ª Legislatura - 1884/1885, pelo 5º Distrito.
Contando sempre com votos externos, Emygdio prosseguiu vitoriosa carreira política, com interrupção entre 1889 a 1895, para o retorno e, enfim, encerramento político na legislatura 1904/1906.
Residente em Santa Cruz, importante e partícipe membro da sociedade local, Emygdio foi membro da Comissão de Ilustres indicado pela Câmara ao Governo de São Paulo (Ofício de 12/11/1884), para integrar o grupo responsável pelas obras da Igreja Matriz.
Também, nos tempos santa-cruzenses, Emygdio pertenceu à Guarda Nacional, primeiro como Tenente Coronel do 5º Distrito de Botucatu/Regional, depois Comandante entre 1884/1886, e Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional de Botucatu e Lençóis Paulista, pelo Decreto de 20 de outubro de 1888 (RG, BN 1033 – 1888/1889: 26).
"Á Emygdio José da Piedade
-Dom Pedro por Graça de Deus e Unanime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brazil. Faço saber aos que esta Minha Carta Patente virem que Hei por bem Nomear o Tenente Coronel Emygdio José da Piedade para o posto de Coronel Commandante Superior da Guarda Nacional das Comarcas de Botucatú e Lençóes, na Provincia de São Paulo, e como tal gosará de todas as honras, privilegios, liberdades, isenções e franquias que direitamente lhe pertencerem; Pelo que Mando à Autoridade competente que lhe dê posse depois de prestar o devido juramento, e o deixe servir e exercer o dito Posto; aos Officiaes Superiores que o tenhão e reconheção por tal homem e estimem, e a todos os seus subalternos que lhe obedeção e guardem suas ordens, no que tocar ao serviço Nacional e Imperial tão fielmente como devem e são obrigados. Em firmeza do que, lhe Mandei passar a presente Carta por Mim assignada, que se cumprirá como nella se contem, depois de selada com o sello grande das Armas do Imperio. Dada no Palacio do Rio de Janeiro, em dezesete de Novembro de mil oitocentos oitenta e sete, sexagenário setueno da Independencia e do Imperio, Imperador Pedro 2º (...)." (AESP, Registros de Patentes da Guarda Nacional, 1885/1894: 25 a-v. 72 AESP, Registros de Patentes da Guarda Nacional, Livro 1885/1894, 02/12/1892). 
Com o advento republicano, ratificou-se a outorga:
"Ao Coronel Emilio [Emygdio] José da Piedade (Botucatu e Lençoes)
-O Ministro interino dos Negócios da Justiça, em nome do Vice Presidente da Republica, resolve declarar que por Decreto de 25 de Novembro findo foi mandado agregar o oficial acima declarado, ao Estado maior do Commando superior da Guarda Nacional da Comarca da Capital de São Paulo. Capital Federal, em 02 de dezembro de 1892. Fernando Silva." 
Sempre presente ou participante em todos os acontecimentos sociais, religiosos e políticos de Santa Cruz, Emygdio ocupava a presidência da Câmara Municipal em 1889, quando anunciado o Golpe Militar de 1889 que derrubou o Império e instaurou a República. No ato fez o pronunciamento recomendando resignação.
Eleitor em Santa Cruz, conforme alistamento eleitoral de 1890, Emygdio identificava-se negociante, e era residente à 'Rua do Coronel Piedade' - morador mais ilustre, oficializada posteriormente como 'Rua Coronel Emygdio José da Piedade'. 
Sem espaço político em Santa Cruz, transferiu domicilio para São Paulo, em março de 1891, filiando-se ao PRP, noticiado em vários documentos oficiais como político e agregado à Guarda Nacional, e depois no Comando Superior da mesma, conjuntamente à frente dos paulistas na Revolução Federalista de 1892/1893.
Manteve-se politicamente ativo.
No ano de 1896 foi Procurador do Gabinete de Leitura de Faxina (DOSP, 20/02/1896: 2), e eleito Membro da Comissão de Colonização e Imigração para o Estado de São Paulo, na sessão ordinária de 11 de junho de 1896, do Congresso do Estado, pela Câmara dos Deputados (DOSP, 12/06/1896: 7).
Com a queda do Coronel João Baptista Botelho, em 1901, Emygdio manteve-se independente do grupo ascensionário de Costa Junior/Abreu Sodré. 
Abdicado da política desde 1906, Emygdio numa visita a familiares em Espírito Santo do Turvo, faleceu aos 30 de março de 1910, por "(...) síncope cardíaca, aos 79 anos de idade, deixando descendentes" (Cartório de Registo Civil, Espírito Santo do Turvo, Certidão de Óbito nº 37, Livro C-3, fls. 144).
O Coronel Emygdio José da Piedade tinha autorização para ser sepultado, juntamente com a esposa, na Igreja Matriz de Santa Cruz do Rio Pardo - Lei nº 83, de 01/04/1889, no entanto abriu mão dessa concessão, tanto para a esposa - falecida em 1900, quanto para si.
Deixou os seguintes filhos:
-Augusto César da Piedade - Coronel, casado com Dona Cândida Macedo da Piedade;
-Minervina da Piedade, casada com o Coronel João Batista de Oliveira Melo;
-Acácio da Piedade - Coronel, casado com Dona Leocádia de Mello Piedade, ou Dona Leocádia Bueno Pimentel, conforme também conhecida;
-Arlindo Crescencio da Piedade - Coronel, casado com Dona Hermínia Romano (falecida aos 23/06/1902), e mais outros dois matrimônios conhecidos;
-Godofredo José da Piedade, faleceu solteiro;
-Rosalina da Piedade que foi casada com o Coronel Emygdio [José] Dias de Almeida;
-José Brasil Paulista da Piedade, casado com Dona Maria Ramos;
-Albertina da Piedade, casada com o Major Ernesto Trindade;
-Dona Maria Perpétua da Piedade, casada com Francisco Clementino Gonçalves da Silva, Coronel também identificado por Clementino Gonçalves da Silva;
-Emygdio [José] da Piedade Filho, Major, casado;
-Maria da Conceição Piedade, apelidada Sancha, que foi casada com Francisco Antonio Pucci.
(Certidão de Óbito nº 37, Livro C-3, fls. 144, Cartório Registro Civil Espírito Santo do Turvo, estando entre os seus filhos "(...) uma neta de nome Alzira filha de sua filha de nome Minervina ..." ). Minervina faleceu aos 20/11/1906 (Correio Paulistano, 21/11/1906: 4) e ausente da relação de filhos, assim o também falecido Godofredo. Dos genros e noras, citações de Aloisio de Almeida, Abril/Junho 1960: 55-56 -Volume 247: 2-65).
O Cel. Emygdio marcou época em Santa Cruz, onde ocupou, a seu tempo, todos os principais cargos públicos, por nomeações ou eleições, mesmo aqueles sem remunerações (Aloisio de Almeida 1960: 52-56).

— Suspicácias sobre o coronel deputado

Inegável, o Coronel Emygdio José da Piedade fez muito, politica e administrativamente por Santa Cruz, evidentemente, também cuidando os interesses próprios.
Apesar do tanto que fez por Santa Cruz, Emygdio e familiares meteram-se em rumorosos casos de atuações políticas, em causa de interesses particulares e de envolvimentos em ilícitos, também na vida pública.

A família, dona de entreposto comercial em Santa Cruz do Rio Pardo, tinha interesses em aberturas de estradas de rodagem desde Avaré e Faxina, passando por Piraju, para o fortalecimento dos seus negócios, que obviamente muito favoreceu a localidade, conhecida, então, como 'empório do sertão'.

No caso emblemático da elevação de Santa Cruz à freguesia e não São Pedro do Turvo, Emygdio foi bastante favorecido no episódio.

Se a condição de freguesia ocorresse para a Capela São Pedro do Turvo, a estrada viria para lá diretamente de Lençóis rumo a Campos Novos, despassando o rio Turvo próximo ao despejo do Alambari, não passando pela urbe Santa Cruz, nem atendendo os interesses dos Piedade, e sim do deputado dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho, num prolongamento terrestre desde a cidade de Rio Claro, onde a ferrovia já funcional em 1875.

Dos acontecimentos, se partícipe, dificilmente se saberá disto, Emygdio poderia influir em decisão favorável a São Pedro do Turvo, porém não o fez, e, desde então, sua votação no lugar tornou-se pífia, sempre o último colocado.

À mesma maneira marcante o Coronel Emygdio, fazendeiro na região de Santa Cruz e Espírito Santo do Turvo, em 1881 procedera ilegal ao adquirir terras devolutas no Vale do Peixe, de Francisco de Paula Moraes, genro de José Theodoro de Souza. Emygdio adquirira a Fazenda Pomba do Futuro, enquanto o filho Augusto César [Cezar] da Piedade a Pomba de Prata (Nogueira Cobra, 1923: 71), e isto o tornava mudo diante das bravatas do delegado e político 'santa-cruzense', Capitão Jacob Antonio Molitor.

Ao Deputado incidiu, ainda, o roubo de uma novilha pertencente a Salvador José Domingues Melchior (Correio Paulistano, 03/06/1884: 2), assim acusado. 

Entretanto, o caso mais rumoroso, sem prévios na história santa-cruzense e fartamente documentado, teria sido a participação familiar dos Piedade na facilitação de fuga dos presos, os irmãos Pedro e Joaquim Fortunato, da Cadeia de Santa Cruz, na madrugada de 03 para 04 de setembro de 1881 (Correio Paulistano, edição de 09/05/1884), atendendo aos interesses do patriarca, nos tempos do delegado Manoel Cândido da Silva, que apenas procedeu atos de rotina, sem inquérito policial, sindicâncias ou processo administrativo. 
Caso antigo. No início de 1870 os irmãos Fortunato foram acusados e pronunciados cúmplices numa matança de índios, na localidade de Faxina (Correio Paulistano, 04/12/1873: 2) onde os Piedade tinham interesses, inclusive no livramento de suas terras dos perigos indígenas. 
Evitando prisão flagrante, os Fortunato homiziaram-se em Santa Cruz do Rio Pardo, sendo presos em 1873 e encaminhados a Botucatu e depois à comarca do crime para julgamento, que os considerou libertos, ditam as memórias, por influência do coronel deputado.
Posteriormente os mesmos Fortunato envolveram-se noutro crime, na localidade de São Pedro do Turvo (RG, BN 1024, 1879/1880: A 12-23), ocorrendo-lhes a prisão na cadeia de Santa Cruz, logrando fugas por facilitação:
"Evadindo-se da cadêa desta villa os criminosos: Pedro e Joaquim Fortunato em setembro de 1881, o delegado que então corria Manoel Cândido da Silva procedeu o auto do corpo de delito na cadêa, e o delegado Nicolao Barreiros abriu este inquerito, do qual algum tempo depois, de demittido Nicolao, prosseguiu o delegado nomeado Francisco Antonio de Castro, chegando a colher provas." (Certidão datada de 24/04/1884, emitida, a pedido, por José Manoel de Almeida, tabelião do público judicial e notas, de cível e crime – publicação Correio Paulistano, 09/05/1884).
O Coronel Emygdio, os filhos Arlindo e Godofredo e o genro, alferes João Baptista de Oliveira Mello, seriam os responsáveis pelas escapula dos Fortunato, segundo os testemunhos de Francisco de Paula Martins, Salvador José Domingues Melchior e Modesto Pedro Claro, além de outros depoentes que apontavam o Coronel no roubo da novilha de Melchior. 
Com as exonerações dos delegados Manoel Cândido da Silva, Nicolau Tolentino Roiz¨ Barreiros e Francisco Antonio de Castro, "Foi nomeado o cidadão Jacob Antonio Molitor para o logar vago de delegado de policia da villa de Santa Cruz do Rio Pardo" (Correio Paulistano, 07/02/1884: 2).
De imediato à posse, Molitor investiu contra a família Piedade. A autoridade ou posição social do deputado não meteu medos ao delegado que, então, agilizou os inquéritos policiais, além de revelar aos jornais da capital o envolvimento de Emygdio em negociatas partidárias (Gazeta Liberal, 10/04/1884, apud citação de Augusto Piedade – 21/04/1884, pelo Correio Paulistano 04/05/1884: 2-3).
O deputado coronel acusou o golpe, e devolveu a rês que teria sido roubada, informando que a mesma se encontrava em sua propriedade, por ordem do dono, em pagamento de dívida, mas, nunca convenceu. 
Da tribuna da Assembleia, Emygdio procurava desqualificar o algoz e pedia providências do governo provincial para sua exoneração, além de incumbir o filho Augusto para revidar, acusar e desacreditar o delegado Molitor, em publicações na imprensa paulista e denúncias à chefatura de polícia. 
Molitor chegou a dar voz de prisão a dois filhos de Emygdio, defronte à residência deste, em Santa Cruz, acusados da facilitação para a fuga dos presos, ação retirada e transformada em intimação, a pedido de cidadãos e políticos presentes.
Na ocasião, Molitor teria destratado publicamente o deputado que, apesar de influente e em revide, não conseguiu a exoneração do desafeto, nem sensibilizou a promotoria pública. O governo provincial, em mãos dos liberais, procedia conforme a vontade regional do deputado Tito Correa de Mello, e o Molitor permanecia intocável. 

Apenas em 1885, quando os conservadores assumiram o governo provincial, Molitor foi exonerado dos cargos públicos ocupados, com certo alívio para a família Piedade, que não mais teria o aborrecedor. O lenitivo maior aos Piedade, apenas quando, no mesmo ano de 1885, extinguidos os processos crimes e encerrado o administrativo, que apontava o soldado José Sebastião Domingues conivente com a fuga dos presos (RG BN 1030, 1885/1886: A 7-15), sem menção aos responsáveis pela guarda da cadeia, Antonio Meirelles da Silva e Antonio Nogueira, ou validação da confissão do preso Joaquim Fortunato: "Della evadimos, é certo, mas o fizemos levados pelos conselhos e auxillios de Carlos Alves de Campos, que proporcionou-nos os meios para isso precisos" (Correio Paulistano, 09/05/1884: 2).

Joaquim Fortunato mudaria seu nome para Joaquim Messias Dutra.
De outro acontecimento, trata a história regional que, em 1893, o Coronel Emygdio José da Piedade teria desviado recursos públicos, quando no Comando Superior da Guarda Nacional e à frente dos paulistas na Revolução Federalista.
Na ocasião teria Emygdio apresentado o coronel campos-novense, Francisco Sanches de Figueiredo, ao Presidente do Estado de São Paulo, sob a argumentação do temor "que os sertões do Paranapanema viessem a soffrer com a invasão das tropas federalistas" (Nogueira Cobra, 1923: 118-119), conquistando grande soma em dinheiro e dezenas de carabinas para guarnecer as sentinelas do lado paulista nos pontos julgados vulneráveis.
Finda a Revolução, sem nenhum tiro oficialmente disparado, o Coronel Sanches guardou para si as carabinas e munições, e do dinheiro recebido, sessenta contos de réis, prestou contas apenas da metade que afirmou ter recebido, todavia contestado pelo advogado Nogueira Cobra:
"E os outros trinta onde foram parar! Na algibeira do portador do cheque que, em companhia do destinatário da quantia, foi recebel-a no banco. O chefe político de Campos Novos dizia que achou exquisito o caso, mas não teve remédio senão concordar com a divisão a meio, pois que o sócio era graúdo, cujo nome declinava; contra esse, cousa alguma podia fazer" (Nogueira Cobra, 1923: 120, nota 1).
O Coronel Emygdio José da Piedade seria o 'sócio graúdo'.

Joaquim José Botelho
Até 2010 um dos nomes esquecidos da política santa-cruzense, o coronel Joaquim José Botelho, foi o primeiro representante e chefe político do Partido Liberal em Santa Cruz, vinculado ao coronel Francisco Dias Baptista, líder político em toda a comarca de Lençóis Paulista.
Joaquim nasceu em Cabo Verde – MG, em 1838, filho de Antonio Botelho de Carvalho e Maria Theodora do Valle (Botelho - Luiz José e Deolice, 2015: 86).
Primo do coronel João Baptista Botelho, os pais eram irmãos, Joaquim chegou a São Pedro do Turvo em 1852, quando seus pais por lá fixaram residência, assumindo liderança política em Santa Cruz do Rio Pardo, como líder político em 1874, destacado em 1876 na primeira eleição municipal do lugar, sob forte influência do coronel Francisco Dias Baptista, nome de maior importância na comarca de Lençóis Paulista. Sob sua liderança local, em 1876, o Partido Liberal disputou e perdeu a eleição municipal santa-cruzense. 
Com a derrota política de 1876, talvez Botelho tenha sofrido sua primeira punição partidária, ao ser nomeado subdelegado de polícia para a freguesia de São Pedro do Turvo e não para a vila de Santa Cruz do Rio Pardo (Diario de S. Paulo, 16/02/1878: 1). Não lhe foi de todo ruim, possuía fazenda próxima a São Pedro do Turvo e, por lá, lá tinha interesses.
Mas, ainda manteve prestígio político, e, aos 13 de julho de 1879, estava à frente dos liberais santa-cruzenses numa reunião em Rio Novo - Avaré, em apoio político ao capitão Tito Correa de Melo, de Botucatu, e ao advogado lençoense dr. Francisco Martins da Silva (A Constituinte, 01/11/1879: 3), numa clara dissidência política ao coronel Francisco Dias Baptista na comarca.
O partido santa-cruzense, apesar de vinculado ao receado coronel Francisco Dias Baptista, não desprezava a força regional do capitão Tito Correa de Mello, fazendeiro, político mandatário botucatuense, situações estas notadas no pleito provincial de 1879, quando afinados à candidatura de Correa Mello para a 'Assembleia Provincial'. 
Botelho, apesar da dissidência em curso, foi nomeado 'Agente de Correio', no lugar do exonerado político conservador coronel Emygdio José da Piedade (Correio Paulistano, 02/10/1879: 2); porém lhe sobreveio-lhe o desgaste político ao se colocar contrario à truculência do coronel Dias Baptista que, às vésperas das eleições municipais de 1880, com seus asseclas, invadiu Santa Cruz do Rio Pardo:
"Eleição Municipal em Santa Cruz do Rio Pardo
-A prudencia dos conservadores desta villa deve-se não ter havido ali scenas iguaes as do Jahu, por occasião do processo eleitoral.
De pessoa fidedigna recebemos a seguinte communicação:
-Transcrição-
No dia 28 de Junho, sob a presidencia do segundo Juiz de paz, Luiz Antonio Rodrigues, organisou-se a mesa parochial, sendo eleitos para mesarios dois conservadores.
No dia 29, quando o povo se achava na igreja, ouvindo a missa conventual, entrou o coronel Francisco Dias Baptista, acompanhado de quarenta e cinco capangas todos armados, trazendo dois delles bandeiras vermelhas, marchando á dois de fundo, com as armas em punho e bandeiras desfraldadas; rodearam a egreja e desfilaram pelas ruas da villa, indo todos apear-se na casa do delegado de policia Nicolau Tolentino Rodrigues Barreiros, donde logo depois e do mesmo modo, dirigiram-se para a casa do primeiro supplente do juiz municipal, Theodoro de Camargo Prado. Pouco depois, distribuidos em grupos de oito e dez, armados de garruchas, facões e porretes, passeavam pelas ruas.
No dia 30, á tarde, foi novamente a villa invadida por um outro grupo de vinte e quatro homens, armados de garruchas, rifles e espingardas, o qual, tambem de bandeira vermelha passeou pelas ruas e foi recolher-se á casa do dito juiz municipal.
Sob taes auspicios ia se proceder a eleição quando, para maior escandalo, a maioria da mesa, resolveu fazer a chamada pela qualificação deste anno, finda no dia 28, depois de organizada a mesa, sendo que a convocação havia sido feita pela qualificação do anno passado.
Como era natural, esta absurda resolução foi recebida com vivos protestos dos conservadores; entretanto, para evitar desordens e derramamento de sangue, em vista do estado dos animos, concordaram em adiar-se a eleição, para o fim de consultar-se o governo, sendo designado o dia 7 de Setembro para continuar a eleição." (Correio Paulistano, 15/07/1880: 1). 
Somou-se à isto, Botelho ser este contra as pretensões do município, da então Santa Bárbara do Rio Pardo, avançar divisas sobre território de Santa Cruz, com apoio do bilioso coronel Dias Baptista. 
Botelho foi exonerado exonerado do cargo de 'Agente do Correio' aos 16 de novembro de 1880 (Correio Paulistano, 19/11/1880: 2), quando já não se apresentava mais como o prestigioso chefe político, sem importância na vitória do Partido Liberal nas eleições municipais de 1880; afastado pelo rancoroso Dias Baptista e substituído pelo delegado de polícia Nicolau Tolentino Rodrigues Barreiros.
A despeito de tudo, o coronel Joaquim José Botelho, em 1883 encabeçou a lista de abaixo assinados dos cidadãos que pediam às autoridades a instalação de Comarca para Santa Cruz do Rio Pardo (ALESP, PR 84_006-007, documento de 25 de setembro de 1883), que igualmente contou com a atuação do Deputado Emygdio José da Piedade. 
Joaquim José Botelho foi casado com sua parente Maria Bárbara de São José - filha de José Botelho de Souza e Luiza Thereza de Jesus, enviuvado casou-se com outra aparentada, Maria Cândida de São José. Em sua vida privada teve propriedades e vínculos em São Pedro do Turvo, porém celebrizou-se chefe político liberal em Santa Cruz, tido cidadão honrado e elogiado até pelos conservadores (Correio Paulistano, 10/04/1884: 1-2 – por referência).

Marcello Gonçalves de Oliveira 
Nome praticamente desconhecido na história santacruzense, dele se sabia apenas nome dado a uma rua e praça agregada; hoje nem isto lhe resta.
Resgatada a história, o coronel Marcello surge identificado como líder político, ocupante de cargos públicos por eleições - vereança e juiz de paz, e nomeações, como subdelegado de polícia, inspetor literário e comandante da Guarda Nacional local, nesta com participação na 'Revolução Federalista de 1892', com envio de voluntários santa-cruzenses (Correio Paulistano, 18/07/1894: 2 – referências).
Marcello, nasceu em Itapetininga - SP, filho de Antonio Gonçalves de Oliveira e Vicencia de Oliveira Lima, casado com Malvina de Oliveira Machado, na localidade de Lençóis Paulista, em 1º de janeiro de 1879, sendo ela filha de major Esperidião de Oliveira Lima e Maria Leopoldina de Oliveira, natural daquela localidade. 
D. Malvina era irmã de Dona Leocádia, esposa do Coronel Moyses Nelli (DOSP, 27/05/1919: 3.260).
Fazendeiro em Santa Cruz, o coronel foi o primeiro nome importante na formação do Partido Republicano Paulista - PRP local, pelo qual eleito vereador em 1886. O golpe militar de 1889, instituindo a república no Brasil, promoveu a ascensão do coronel Marcello e selou o fim da influência política do coronel Emygdio José da Piedade, apenas o Joaquim Manoel de Andrade mantendo-se intocado pela respeitabilidade adquirida, idade, e simpatia aos republicanos, de forma a ser nomeado o primeiro intende no município, uma deferência.
O advento republicano tornou o coronel Marcello o 'prestigioso chefe político' perrepista local, até a primeira crise interna, optando por resignar-se do cargo (Correio Paulistano, 10/12/1890: 3), através de carta datada de 26 de novembro de 1890, por se sentir desautorizado politicamente, com a demissão do promotor público local e o recolhimento do sargento comandante do destacamento.
O então tenente-coronel João Baptista Botelho, agente principal da queda de Marcello, assumiu o lugar, porém, não resistiu contragolpe acaudilhado pelos irmãos Antonio da Costa Junior - fazendeiro e deputado federal, e o dr. Augusto José da Costa - juiz de direito da comarca.
O coronel Marcello retornou ao quadro político em 1892, com sua equipe, no lugar de João Baptista Botelho e sectários; mas, João Baptista Botelho sustentou-se delegado de polícia, e membro da Intendência Municipal, enquanto o coronel Marcello sustentava-se como o 'prestigioso chefe político'. Aos 16 de julho de 1894, o coronel Marcello ofereceu, em sua residência, marcante recepção aos heróis santa-cruzenses da Revolução Federalista, com as presenças do juiz de direito da comarca, dr. Augusto José da Costa, e de outras autoridades. Marcello estava como o ilustre 'Comandante da Guarda Nacional local', e no ano seguinte, aos 30 de novembro de 1895, seu nome aparecia como '2º Juiz de Paz' (O Paranapanema, 30/11/1895: 3). 
Em sessão especial da Câmara, datada de 07 de janeiro de 1896, foi declarado eleito 'Juiz de Paz' (Câmara, Livro Ata). Posteriormente, aos 28 de novembro do mesmo ano, em sessão extraordinária, a Câmara enlutava-se pelo falecimento do coronel Marcello Gonçalves de Oliveira, e homenageia-o com o nome da 'Praça onde o Largo 13 de Maio'. 
O coronel deixou bens a inventariar, inclusive no Estado do Paraná, conforme citação de 28 de maio de 1897 (A República, Curitiba - PR, 28/05/1897: 2-3). Sua ausência trouxe ao Baptista Botelho nova oportunidade para consolidar-se líder perrepista local.
Dona Malvina Gonçalves de Oliveira, enviuvada, casou-se em segunda núpcias aos 02 de dezembro de 1899, na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, com o também viúvo Manoel Lima (Matrimônio Livro de 1893/1900: 95).
-o-